Uma doença autoimune provoca o mau funcionamento do sistema imunológico, ocasionando um ataque aos próprios tecidos. Assim é Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ou, simplesmente, Lúpus, que desencadeia um histórico de inflamações e dores contínuas.
O problema afeta a saúde e bem-estar causando grande impacto na vida de uma pessoa. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 65 mil pessoas sofrem com a doença, sendo que a incidência é nove vezes maior em mulheres do que em homens.
Neste post você vai entender melhor o que é o Lúpus, seus tipos e principais fatores de risco. Continue lendo para conhecer as causas, diagnóstico, tratamento e todos os cuidados que deve ter uma pessoa com Lúpus!
Lúpus x gravidez
Muitas mulheres, acometidas pelo Lúpus, têm dúvidas sobre poder engravidar e ter uma gestação saudável. Entretanto, a doença deve estar sob controle por, no mínimo, seis meses, sem que a paciente esteja em uso de medicamentos que possam afetar a saúde do feto.
A gravidez por si só já demanda cuidados e acompanhamento, no caso de gestantes com Lúpus, eles devem ser redobrados, com monitoramento de órgãos importantes como rins, coração ou pulmão.
Os sintomas das doenças autoimunes costumam aparecer e desaparecer de modo contínuo e sem causa aparente. No caso do LES, os sintomas que o indivíduo pode apresentar são febre, fadiga e dor nas articulações, entre outros (falaremos sobre isso mais adiante).
Quais são os tipos da doença?
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), existem quatro tipos de LES, que podem ocorrer por diferentes motivos. Entenda!
Lúpus Discoide
Esse tipo da doença se manifesta apenas na pele da pessoa, causando lesões avermelhadas com formatos, extensões e colorações específicas na derme, principalmente no rosto, pescoço, nuca e couro cabeludo.
Lúpus Sistêmico
O mais comum dos tipos, o lúpus sistêmico pode ser leve ou grave, e às vezes surge por uma evolução do tipo discoide. Na forma grave, a inflamação atinge todo o organismo, comprometendo vários órgãos, como pulmões, rins, coração, articulações, sangue e pele.
Lúpus Induzido por Drogas
Acontece quando as substâncias de algumas drogas ou medicamentos provocam inflamação, gerando sintomas parecidos com os do tipo sistêmico. Os sinais costumam desaparecer quando acaba o uso de tais substâncias.
Lúpus Neonatal
Tipo mais raro da doença, ocorre em filhos recém-nascidos de mulheres com LES. Ao nascer, o bebê pode apresentar problemas no fígado, erupções na pele ou contagem baixa de células sanguíneas, mas esses problemas costumam desaparecer espontaneamente após os primeiros meses.
Quais são os principais fatores de risco?
O lúpus pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, raça e sexo. Ainda não se sabe o que causa a doença, mas especialistas acreditam que fatores genéticos, hormonais e ambientais podem contribuir. Conheça alguns fatores:
gênero: a doença é mais comum em mulheres do que em homens, mas pode se manifestar em ambos os sexos;
idade: a maior parte dos diagnósticos de LES acontece entre os 15 e os 40 anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária;
etnia: LES é mais comum em pessoas afrodescendentes, hispânicas e asiáticas.
E, a incidência do lúpus chega a ser de três a quatro vezes maior em mulheres negras do que em mulheres brancas.
O que pode causar o Lúpus?
Não se sabe ao certo o que causa o lúpus eritematoso sistêmico, no entanto, de acordo com alguns estudos, existem gatilhos que podem desencadear o problema. São eles:
luz solar: a exposição ao sol é um importante gatilho para desenvolver o problema. Quando feita de forma inadequada ou em horários inapropriados, pode iniciar ou agravar uma inflamação preexistente a evoluir para o LES. Além disso, a exposição sem cuidados pode provocar câncer de pele, portanto, é crucial manter o uso contínuo do protetor solar;
infecções: outro fator que pode desencadear o LES são as infecções. Elas podem tanto iniciar a doença quanto causar uma recaída em alguns indivíduos, gerando um quadro leve ou grave, conforme cada situação;
medicamentos: o problema pode estar relacionado ao uso de determinados antibióticos, medicamentos para controlar convulsões e remédios para pressão alta — caso ocorra qualquer sintoma, o médico deve ser informado.
Quais são os principais sintomas da doença?
Os sintomas do LES podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. É possível que eles se apresentem de forma moderada ou grave, podendo ser temporários ou permanentes.
De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria dos pacientes com LES apresentam sintomas moderados, que surgem esporadicamente e depois da crise desaparecem — os sinais também variam de acordo com a parte do corpo afetada.
O rash cutâneo, vermelhidão na face localizada nas bochechas e ponta do nariz, afeta quase metade das pessoas com lúpus. Além disso, ele piora com a luz do sol e, também, pode ser generalizado.
Outros sintomas são:
fadiga: presente em cerca de 90% dos casos de Lúpus, a fadiga pode causar debilitação e comprometer o dia a dia, ao provocar desânimo;
febre: o paciente com Lúpus pode apresentar recorrente febre baixa, com temperatura entre 36,9°C e 38,3°C;
dor nas articulações: uma dor que pode começar leve e se intensificar, assim como ir e vir com o passar do tempo;
problemas de tireoide: a tireoide ajuda no controle metabólico do organismo e pode ser afetada pelo Lúpus;
queda de cabelo: o Lúpus provoca inflamação do couro cabeludo e enfraquece o cabelo, resultando em queda, fios com aspecto de ralo e sem brilho — são também afetados os fios da barba, cílios e sobrancelhas;
secura nos olhos e boca: a sensação de olhos secos e arenosos, boca pouco hidratada e ressecada podem ser um indicativo de Lúpus, desencadeando a síndrome de Sjögren, em que as glândulas responsáveis pelas lágrimas e pela saliva funcionam mal.
Além desses sintomas mais evidentes é possível que uma pessoa com Lúpus desenvolva problemas como:
rigidez muscular e inchaços;
feridas na boca;
dificuldade de respirar;
dor no peito ao inspirar profundamente;
sensibilidade à luz solar;
dor de cabeça;
confusão mental e perda de memória;
ansiedade e mal-estar.
Sintomas específicos
A doença também possui sintomas mais específicos que dependem de qual parte do corpo é afetada:
cérebro e sistema nervoso: dor de cabeça, sensação de formigamento, dormência, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade e psicose lúpica;
trato digestivo: dor abdominal, náuseas, azia, refluxo ácido e vômito;
coração: arritmia cardíaca;
pulmão: dificuldade ao respirar e tosse com sangue;
rins: com o Lúpus o sistema renal pode desenvolver a nefrite, impedindo o órgão de filtrar as toxinas e resíduos de sangue adequadamente;
pele: coloração irregular da derme, dedos que mudam de cor com o frio e vermelhidão na face.
ATENÇÃO! Quando os sintomas se manifestam apenas na pele, significa que o paciente tem lúpus discoide.
Como é feito o diagnóstico?
É imprescindível procurar um especialista para identificar o problema. Isso porque o diagnóstico para LES não é tão simples. Como os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa e mudam com o passar do tempo, não é raro que ele seja confundido com os sinais de outras doenças.
Ainda não há exame ou teste único para diagnosticar o lúpus. Essa avaliação é feita a partir da anamnese clínica realizada pelo médico, além de exames de sangue e urina.
Conforme informações do Ministério da Saúde, os principais testes realizados são: exames de anticorpos, incluindo teste de anticorpos antinucleares, hemograma completo, radiografia do tórax, biópsia renal e exame de urina.
Quais cuidados uma pessoa com lúpus deve ter?
As pessoas que sofrem de Lúpus devem adotar alguns cuidados que ajudam a manter a doença controlada e mais fácil de conviver, como:
evitar exposição ao sol;
parar de fumar (o cigarro diminui a ação da hidroxicloroquina, medicamento usado no tratamento);
fazer atividades físicas;
adotar uma dieta rica em cálcio;
evitar alimentos gordurosos;
evitar o consumo excessivo de açúcar.
São cuidados que associados melhoram a qualidade dos ossos e fortalecem o sistema imunológico, prevenindo a incidência de problemas como osteoporose, picos de colesterol e triglicérides, além do risco de aumento da glicemia.
Qual o tratamento para o Lúpus?
Como outras doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, por exemplo, a doença ainda não tem cura. O tratamento do lúpus objetiva controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A escolha da terapia também é feita conforme a intensidade e severidade dos sintomas.
A forma leve pode ser tratada com anti-inflamatórios não esteroides para artrite e pleurisia, protetor solar para as lesões de pele, corticoide tópico para pequenas lesões na pele, droga antimalárica e corticoides de baixa dosagem para os sintomas de pele e artrite.
Já o lúpus grave (ou que leve uma pessoa ao risco de morte) costuma ser tratado com alta dosagem de corticoides ou medicamentos para diminuir a resposta dos imunossupressores. Quando tal tratamento não surte efeito, entram em cena as drogas que bloqueiam o crescimento celular, também chamadas de drogas citotóxicas.
Como você viu, apesar de ser crônica, rara e sem cura, o Lúpus é uma doença que tem tratamento e pode ser controlada. Os medicamentos utilizados, considerados especiais, requerem armazenamento e controle adequado para garantir sua eficácia.
Fonte: https://semprebem.paguemenos.com.br/posts/saude/lupus-entenda-tudo-sobre-essa-doenca