A Fiocruz se comprometeu com o Ministério da Saúde a entregar, no prazo de um ano, cerca de 36 mil sequenciamentos de genomas completos de SARS -CoV- 2. Um dos fatores que aceleram o objetivo da Fiocruz de cumprir essa meta é o aumento de casos da variante Delta e o receio de uma cepa altamente transmissível se tornar predominante no Brasil trazendo um possível aumento de internações hospitalares no país. A virologista da Fiocruz Marilda Siqueira explica que, no entanto, pouco adianta o empenho da Rede Genômica se as autoridades não fizerem sua parte.
“De nada adianta fazermos sequenciamentos se os gestores não usarem esta informação para definir ações estratégicas de diminuição de casos e circulação de vírus em seus estados”, afirmou a virologista Marilda Siqueira do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
“Ela (variante Delta) já entrou em vários estados e tem uma capacidade de disseminação grande. Os gestores têm que se preparar também, rever planos. Não estamos em situação confortável, muito menos o Rio”, disse Siqueira.
A Rede Genômica da Fiocruz, formada por cientistas da fundação, atua na decodificação do genoma do SARS-CoV-2, causador da Covid-19. O trabalho consiste em acompanhar suas linhagens e mutações genéticas.
Especialistas de todas as unidades da Fiocruz no país e de institutos parceiros, trabalham diariamente para gerar dados robustos sobre o comportamento do vírus.
A vigilância da diversidade genômica é importante para conhecer quais variantes virais estão circulando no país.
Para chegar a essa meta, a fundação utiliza um financiamento alocado pelo Ministério da Saúde para ter informações de todo os estados. Atualmente, não são todos que conseguem realizar o sequenciamento e com isso identificar a presença da variante Delta e outras cepas em seus respectivos territórios.
Com parte do valor, a Fiocruz já conseguiu abrir um processo de aquisição de insumos importados dos Estados Unidos e da Europa. São Kits com reagentes necessários para preparar as amostras e fazer o sequenciamento. O material tem alta concorrência de mercado.
Alto custo
Muitos institutos de pesquisas nacionais e internacionais passaram a sequenciar e por isso enfrentam dificuldades de recebimento dos insumos por conta da alta demanda. O custo é alto e varia de R$ 600 a R$ 1.000 para cada amostra sequenciada.
Siqueira disse que Rede Genômica da Fiocruz participa ativamente do rastreamento de mutações e mapeamento das cepas com seus laboratórios nos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e Amazonas.
Cada uma dessas unidades se dividiu geograficamente para receber amostras de vários estados brasileiros, sob a coordenação do Ministério da Saúde. “A ideia é cobrir todos os estados com a entrega de três mil amostras por mês ao Ministério da Saúde”, disse a pesquisadora.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/08/10/gestores-tem-que-rever-planos-porque-delta-esta-em-varios-estados-diz-fiocruz